
RioJaneirices
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Muito além do samba
Em busca de conhecer mais profundamente a cultura de nosso estado, a Companhia Folclórica realizou o projeto de pesquisa “Memória Cultural do Rio de Janeiro”, visitando diversas localidades para conhecer bem de perto uma diversidade ainda vivente e pulsante, muito além das tradições do samba, marca tão forte do Rio. Essas manifestações mantiveram-se vivas em suas comunidades pela ação de seus mestres e discípulos que, bravamente, levavam à frente sua memória ancestral.
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Assim, além das pesquisas bibliográficas e iconográficas realizadas no Museu do Folclore Edison Carneiro, na Divisão de Folclore da Secretaria de Cultura do Estado e no Museu da Imagem e do Som, fomos a campo visitando festas populares, como o Caxambu, o Boi Pintadinho e o Mineiro-pau de Santo Antônio de Pádua; as Cirandas de Paraty e Tarituba; o Jongo do morro da Serrinha, em Madureira; as tradições religiosas sincréticas de São Sebastião/Oxóssi das casas de candomblé, bem como as Folias de Reis de Mangueira, do Morro Santa Marta e da Penha.
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A partir dessas pesquisas, criamos o espetáculo RIOJANEIRICES, buscando conduzir o espectador em uma viagem pelo Estado e sua riqueza cultural e histórica. Neste itinerário diversas manifestações encontram-se presentes, com destaque para o nosso famoso Carnaval que, desde suas origens, vem engendrando variadas personagens cantadas em quase um século de histórias e marchinhas.
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O espetáculo esteve em turnê por diversas cidades do Brasil, tendo realizado duas temporadas de muito sucesso no Teatro Cacilda Becker, no Rio de Janeiro.
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Galeria de fotos
FOLIA DA SANTA CRUZ
FOLIA DE REIS
CIRANDAS DE PESCADORES DE TARITUBA
(PARATY-RJ)
CANTIGAS E HISTÓRIAS INFANTIS
JONGO-CAXAMBU
BOI PINTADINHO E MINEIRO-PAU-RJ
HISTÓRIA DO CARNAVAL CARIOCA
SAMBA
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Dentre as diversas manifestações populares presentes no espetáculo RIOJANEIRICES destacamos:
Festividade em louvor à Santa Cruz de Cristo, padroeira de Tarituba, relatando seus poderes e pedindo a sua proteção a três vozes. Ao som da viola de dez cordas, violão, pandeiro e caixa, chega-se à Igreja da Santa Cruz em uma procissão de bandeiras azuis e brancas cantando e se emocionando a Folia. A festa acontece em Tarituba-Paraty, no início do mês de maio, em comemoração à padroeira do lugar.
Trazida para a zona urbana junto com a expansão da linha férrea que uniu centro e interior, a devoção aos Santos Reis se expandiu junto com a fé de seus foliões que durante o ciclo natalino fazem sua jornada. Carregando sua bandeira, ao som de caixas, pandeiros, triângulos, chocalhos, violas, violões, cavaquinhos e acordeom, os foliões comandam os versos que contam e cantam o nascimento de Jesus, seguidos por palhaços com suas danças acrobáticas e seus versos em desafio. Suas máscaras aterrorizantes representam os soldados do Rei Heródes, que os enviou para calar a profecia que anunciava a chegada do filho de Deus. Folguedo da época natalina muito recorrente nas cidades fluminenses, a Folia de Reis reúne devoção, arte e diversão.
Baile de pescadores animado pela viola de dez cordas, violão, pandeiros, cavaquinhos e mancado (caixote percutido). Na barra das saias das mulheres os homens sapateiam com tamancos de madeira a Chiba-cateretê, a Ciranda e a Tontinha, dentre outras danças caiçaras do litoral fluminense, mais especificamente de Tarituba, distrito de Paraty. Acontecem tanto para celebrar a devoção à padroeira Santa Cruz e outras datas comemorativas como para comemorar a boa pescaria. Na década de 80, os taritubenses pararam de dançar a Ciranda por vários motivos. Todavia, em meados dos anos 90 as tradições foram sendo paulatinamente resgatadas pela população local, que, inclusive, conseguiram transformar a sede do grupo de cirandeiros em Ponto de Cultura. Hoje, continuam poetizando o mar, para não esquecer quem são. A Companhia Folclórica do Rio-UFRJ teve a honra de participar desse processo de revitalização e mantém com a comunidade de cirandeiros de Tarituba uma forte e rica parceria.
“Você se lembra?” “Quem já não dormiu ou fez alguém dormir com alguma cantiga de ninar?” Neste momento o público relembra cantigas e brincadeiras, que de tão antigas já fazem parte de nossas vidas: “Se essa rua, se essa rua fosse minha”... “Bicho papão sai de cima do telhado”... “Sapo Jururu, na beira do rio”... E se assombra com uma história um mito popular em todo o Brasil: O “Lobisomem”.
Apresentamos ao grande público o Jongo da Serrinha e o Caxambu de Santo Antônio de Pádua. Dança afro-brasileira que harmoniza os movimentos do corpo com três tambores de timbres diferentes o Jongo e o Caxambu mantêm como traço essencial de sua linguagem a presença de símbolos que possuem função mágica ou sagrada, de comunicação com os ancestrais. Os pontos, letras das músicas, dão o tom da roda, regozijo ou demanda, muitas vezes através de metáforas. Só no Estado do Rio de Janeiro o Jongo possui forte presença nas cidades de Valença, Angra dos Reis, Santo Antônio de Pádua, Miracema, Pinheiral, bem como nas comunidades da Serrinha, no bairro de Madureira, e no Morro do Salgueiro, ambos na capital. Hoje o Jongo é patrimônio imaterial brasileiro e muitos estudiosos dizem que o Jongo é o pai do Samba, também patrimônio do nosso país.
Dançado com bastões no norte do estado, essa manifestação conta com os famosos bonecos que fazem a alegria da criançada: o Boi, a Maricota, o Jaguará e a Mulinha. Presente em muitas festas populares locais, as personagens também desfilam animadamente no carnaval. O boi vem abrindo o espaço, trazendo seus bonecos que divertem crianças, jovens e adultos com sustos e gracejos. As variadas batidas dos bastões de madeira demonstram a agilidade de seus brincantes que se defendem das pancadas ao ritmo das músicas.
A retomada das ruas pelo povo seguindo os blocos nos dias de carnaval é um fenômeno recente, mais precisamente da virada para o século XXI. Essa história, porém, remonta quase dois séculos, desde a chegada das primeiras manifestações do entrudo, trazida pelos portugueses, onde a graça da brincadeira consistia em jogar “coisas” nos outros (“coisas” limpas ou nem tanto) como os famosos “limões”: bolas de cera repletas de águas de cheiro. Desde essa expressão burlesca, passando pela tradição das máscaras, dos cortejos, desfiles e encontro de blocos, tudo isso é contado ao som das marchinhas e sambas que compõem a trilha sonora de uma vasta tradição. Mostramos ainda o Entrudo, Maxixe, Encontro de Blocos e Samba de Enredo com todas as alas tradicionais como: Passistas, Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Baianas e Bateria.
Símbolo mais conhecido da cultura do Rio de Janeiro, o samba traz em si resquícios de sua origem rural onde o passo miúdo convida à umbigada. Transformado junto com as demais transformações do carnaval, adquiriu o caráter espetacular que amplificou seus gestos, construindo ao longo do tempo seus vários personagens, como o Mestre-Sala e a Porta- Bandeira, as Baianas e as Passistas que hoje compõem a tradição das escolas de samba. Transitou e ainda está presente de forma marcante nos salões, construindo um universo de passos que derivaram desde o Maxixe - dança excomungada e proscrita no século XIX – até a gafieira, que ressoa o sotaque dos malandros e cabrochas, personagens únicos e típicos desta cidade.